Ilhabela fala sobre telas para crianças
A Prefeitura de Ilhabela, por meio das Secretarias de Saúde e Educação, está atenta à crescente problemática do uso excessivo de telas por crianças, especialmente neste período de férias. Com o aumento do tempo livre em casa, as crianças tendem a passar mais horas diante de smartphones, tablets e televisores, o que pode trazer sérias consequências para a saúde mental e o desenvolvimento.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda limitar o uso de telas conforme a idade. Crianças menores de 2 anos não devem ser expostas a telas. Para crianças de 2 a 5 anos, o tempo de tela deve ser no máximo uma hora por dia. Entre 6 e 10 anos, a recomendação é de uma a duas horas diárias, e para adolescentes de 11 a 18 anos, até três horas diárias, incluindo videogames.
Para a pediatra do Centro Municipal Especializado em Reabilitação e Transtorno do Espectro Autista de Ilhabela (CER-TEA), Heloisa Negrosoli, é fundamental equilibrar o uso de tecnologia com atividades que promovam o desenvolvimento físico, cognitivo e social.
“O aumento da exposição a telas pode contribuir para o surgimento de problemas emocionais. Muitas crianças acabam se isolando e trocando interações sociais reais por virtuais, o que prejudica seu bem-estar psicológico. Embora não possamos negar totalmente o uso das telas, é importante usá-las com sabedoria. O que mais percebo no consultório com crianças entre 5 e 10 anos são casos de agressividade, depressão, distúrbios do sono e dificuldades no aprendizado escolar e desenvolvimento. Quando orientamos os pais a retirar as telas, a melhora é de até 80%”, completou.
O pediatra Alfredo Rosmaninho destaca a importância das atividades mais simples. “A criança precisa brincar, se sujar; isso faz parte da qualidade de vida e de interagir com outras crianças para se desenvolver social e emocionalmente. É assim que elas aprendem. É preciso ter bom senso e abrir os olhos para o fato de que a tela como único estímulo representa uma grande perda para as crianças. Além disso, com o número reduzido de filhos nas famílias, muitas crianças não têm com quem brincar. A falta de interações com outras crianças pode levar ao isolamento, tornando a criança mais dependente das tecnologias para se entreter”, comentou.
O Secretário Adjunto de Saúde de Ilhabela, Maurílio Bianchi, também se manifesta sobre o tema. "O uso excessivo de telas é uma preocupação crescente para a saúde das nossas crianças. Além dos impactos emocionais e sociais já mencionados, a exposição prolongada pode levar a problemas como a obesidade infantil, pela falta de atividade física, e até distúrbios visuais. É fundamental que os pais se conscientizem sobre a necessidade de estabelecer limites para garantir que as crianças aproveitem ao máximo seu desenvolvimento integral, com equilíbrio entre o uso de tecnologia e atividades saudáveis", afirmou.
Por sua vez, Lídia Sarmento, Secretária de Educação de Ilhabela, destaca: “Temos trabalhado bastante com os diretores sobre o uso excessivo de telas pelas crianças, e eles têm abordado esse tema nas reuniões com os pais. Os pais, muitas vezes, encontram nas telas uma 'babá digital', já que as crianças ficam quietas com o celular nas mãos, sem perceber o quanto isso é prejudicial. A tela não proporciona memória afetiva, ao contrário das experiências vividas, como quando a criança brinca na chuva ou na lama, que são momentos inesquecíveis. Já começamos a adotar nas escolas de Ilhabela algumas medidas, como disponibilizar caixinhas para que os alunos deixem os celulares durante o período de aula”, disse.